Recordar é viver!
Que as festas-tributo aos anos 80 vem fazendo muitas pessoas recordarem
uma época de felicidade em suas vidas
não é um fato, mas uma contastação.
Só que muitos confundem as décadas e acabam misturando as estações,
colocando músicas dos anos 70 e 90.
E aí que entra os nossos entrevistados de hoje. A Festinha Anos 80
reproduz um repertório exclusivo da época, inclusive nos figurinos.
Um dos seus organizadores, Ricardo Abrahin nos conta das festas e muitos
outros aspectos que além de esclarecerem as dúvidas, saciarão os leitores aficionados
pelos produtos dessa época.
Confiram:
Por João Messias Jr.
LADO RETRÔ: Vocês criaram a “Festinha Anos 80” para mudar o conceito de
festa flashback.
|
Interação de público e banda
Foto: Martin Lazarev |
No que acham que as festas que realizam são diferentes das que
ocorrem pelo país?
Ricardo Abrahin: Percebemos que no subconsciente das pessoas
existem associações de estilo musical que acabaram ficando marcadas. Vamos
tomar como exemplo o nome “Festa Flashback”. Quando as pessoas lêem esse termo,
diretamente associam a uma festa onde toca – em sua maioria - anos 70,
geralmente com muito Abba, Village People, Bee Gees, Tim Maia e raramente um
Earth, Wind and Fire, sem nunca pensar em Afrika Mambata, Led Zeppelin, Kansas,
Deep Purple e outros, com estilos que também pode funcionar muito bem na pista
se tiverem a música bem selecionada.
Agora vamos para nosso tema principal,
os anos 80. Quando se fala em “Festa Anos 80”, foi fixado um conceito de “Festa
Infantil para Adulto”, onde vai tocar Trem da Alegria, Xuxa, Absyntho, Mamonas
Assassinas (que aliás, é uma banda dos anos 90), Paquitas e por aí vai. O que
nos perguntamos foi “Quem diabos ia para uma danceteria ou boate na década de
80 para ouvir isso?”. Dessa forma pautamos a festa pela qualidade musical.
Os DJs recriam o ambiente das
casas noturnas da época, com boa música eletrônica além de rock nacional e
internacional. A festa também traz sempre duas bandas tocando rock da época.
Para oferecer variedade ao público, sempre montamos dois ambientes, sendo um de
shows, onde além das bandas, um competente DJ, o Marcelo Peixe – que abre a
noite e toca entre e após as bandas - toca músicas com uma pegada mais
dançante, onde nunca faltam Dead or Alive, Front 242, Information Society, Kon
Kan entre outros. No outro ambiente temos a parceria da festa “New Wave
Hookers”, dos competentes Kleber Tuma e Felipe Varne, que tocam rock nacional,
internacional e também vertentes de eletrônico, sempre com uma seleção de
repertório impecável.
Além disso, começamos na última
edição a “TV Festinha”. Durante a festa, nos telões, rolam 9 horas de programação de TV com
matérias sobre fatos marcantes da década - como a queda do muro de Berlim -
além de traillers de filmes, comeciais e alguns trechos de filmes da época.
LR: Como é feito o repertório de estilos e apresentações?
Ricardo: A equipe da “New Wave Hookers” sempre faz repertório
incríveis, um pouco mais puxados para o rock para dançar, tanto nacional quanto
internacional, e o DJ Marcelo Peixe sempre coloca na mesa as ideias para a
festa e acabamos batemos um bom papo sobre que caminho de eletrônico seguir,
baseado no local do evento e no que esperar do gosto musical do público. A
única restrição feita é que não haverá música considerada como “brega de anos
80” ou músicas infantis.
LR: Desde então, foram realizadas duas edições. Qual o saldo e as
lições aprendidas com os eventos?
Ricardo: Acho que o mais importante até agora foi perceber que
existe SIM público para música de qualidade. As pessoas só não apareciavam
porque o produto não era oferecido. Digo isso sempre, na página da festa no
facebook, que temos muito orgulho em preparar esse evento para nossa “família”
da Festinha Anos 80. Eles sempre respondem à altura. Cada evento tem sido
melhor que o outro. Tivemos shows incríveis com a minha banda, a FM 80, além de
atuações e respostas fantásticas do público nas outras edições com a “Banda
Replay” e a “The Smiths Cover Brasil”. Ficamos felizes em encher o evento com
pessoas de bom gosto musical!
|
Banda ao Vivo
Foto: Divulgação |
LR: Recentemente houve um interesse nos anos 80. Como enxergam essa
busca de informações do período e qual o lado positivo e negativo disso.
Ricardo: O lado positivo é que fica comprovado música boa não tem
data de validade. Vejo uma grande leva de jovens que escutam, e têm como
ídolos, artistas e bandas que tiveram seu auge antes mesmo deles terem nascido.
O lado negativo é a triste constatação que tem pouca coisa boa chegando à mídia.
Não vou usar nunca o jargão engessado “porque não tem nada de bom sendo feito
hoje”. Tem sim! Muita coisa boa, mas não chega nas rádios brasileiras, não
atingem em massa nosso público. Produzo e sou DJ de uma outra festa. A
Brainstorm, onde tentamos à cada edição trazer bandas desconhecidas aqui, como
Dead Sara, Nico Vega, Walk the Moon, Hanni El Khatib, The Constellations,
Imagine Dragons, Of Monsters and Men (que agora já nem é tão desconhecida
assim, vide o público que se reuniu para ouvi-los na chuva no último
Lollapalooza), assim como hits de bandas já conhecidas.
No Brasil, da mesma forma, o que
não é de “fácil digestão” também é ignorado, principalmente se tratando de
composições com registro de problemas sociais. Você tem, por exemplo o “Teatro
Mágico” fazendo shows com um público fiel e batalhando tudo por conta própria.
Até no samba, produto legitimamente nacional, isso acontece. Pegue um nome como
Micheline Cardoso, por exemplo, que tem um mistura de samba com eletrônico,
muito bem arranjado pelo Luiz Antônio Gomes e que acaba tendo mais projeção de
mídia no exterior - principalmente na Europa – do que aqui no Rio.
LR: Agora falando um pouco do passado, quais discos que mais gosta do
período?
Ricardo: É bem difícil resumir, principalmente por ter um gosto bem
eclético, mas começaria pelo “Creatures of the Night”, do Kiss, que foi o LP
que marcou minha infância. “Misplaced Childhood”, do Marillion; “Thriller”, do
Michael Jackson; “Brothers in Arms” e “Money for Nothing” do Dire Straits;
“Legião Urbana” e “Dois” do Legião; “O Concreto Já Rachou” e “Nunca Fomos Tão
Brasileiros” da Plebe Rude; “Correndo o Risco” do Camisa de Vênus; “Cabeça
Dinossauro” e “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” dos Titãs; “Cinema
Mudo” e “Passo do Lui” do Paralamas; “Capital Inicial”, do Capital; Eu ficaria
aqui alguns dias citando todos.
LR: O que acha da música produzida hoje?
Ricardo: Como havia dito antes, só chega na grande massa o que for
de muito, mas muito fácil digestão. O que é um paradoxo total com o aumento da
influência da Internet na vida das pessoas. É como se você mostrasse um
cardápio com um milhão de opções e as pessoas acabarem sempre pedindo arroz,
feijão, filé e fritas. Faz você pensar que, ou as pessoas não sabem onde buscar
ou estão realmente satisfeitas com a insuficiência musical que está mandando
nas rádios.
LR: Nesta eu vou citar algumas grupos/artistas que fizeram sucesso nos
anos 80 e queria sua opinião: Menudo, Chacrinha, Música New Wave e Polegar.
Ricardo:
Menudos:
Uma “boy band” que emplacou por aqui pela proximidade do idioma. Produção
inteligente, que direcionou músicas para o mercado interno fazendo versões em
português. Acertaram em cheio no gosto adolescente. Goste ou não, em termos de
mercado foi genial!
Chacrinha:
“O” Comunicador. Sabia exatamente o que mostrar e para quem mostrar. Revelou
muita gente boa. E ruim também.
Música
New Wave: Produziu a maior quantidade de “one hit wonders” da história, que
ainda fazem sucesso em qualquer edição de nossas festas. Subverteu a música com
suas batidas eletrônicas acompanhadas de guitarras da influência do punk . Música,
visual, estilo, tudo junto. Tomou embalo em dias de começo de MTV, onde tudo
aquilo era um banquete e tanto para olhos e ouvidos.
Polegar: Pegou
a onda de “boy band” na versão “made in brazil”. Acertou muito como produto
pop.
LR: Para encerrar: a próxima edição do evento acontece no dia 29 de
junho, no Teatro Odisséia.
|
Cartaz da Próxima Edição
Divulgação |
Quais as expectativas para essa celebração?
Ricardo: Até o momento dessa entrevistas temos aproximadamente 500
confirmações de presença em redes sociais, com apenas 4 dias de lançamento do
evento. Nessa edição trouxemos a nova banda do Rodrigo Quik (ex-Perdidos na
Selva), a Power Hits, para uma show só com rock nacional dos anos 80.
Nossa expectativa, como sempre, é
fazer nossos clientes felizes! Não tem preço ver a pista de dança cantando
junto com o as bandas, dançando ao som dos DJs, fazendo coro nas músicas. Cada
sorriso, cada grito de alegria quando começa uma música que você só ouve na
nossa festa.
LR: Obrigado pela entrevista! Deixem uma mensagem para os leitores do
LADO RETRÔ.
Ricardo: Em nome da nossa equipe, a “Dos Tequilas” (eu – Ricardo
Abrahin, Suirá Silva e Alexandre Brandão) e da produção do Grupo Matriz,
agradecemos pela sua leitura e convidamos para a próxima edição da “Festinha
Anos 80” no teatro Odisseia, dia 29 de junho!
www.facebook.com/FestinhaAnos80/