quarta-feira, 15 de maio de 2013

FESTINHA ANOS 80: “MÚSICA BOA NÃO TEM DATA DE VALIDADE”

Recordar é viver!
Que as festas-tributo aos anos 80 vem fazendo muitas pessoas recordarem uma época de felicidade  em suas vidas não é um fato, mas uma contastação.
Só que muitos confundem as décadas e acabam misturando as estações, colocando músicas dos anos 70 e 90.
E aí que entra os nossos entrevistados de hoje. A Festinha Anos 80 reproduz um repertório exclusivo da época, inclusive nos figurinos.
Um dos seus organizadores,  Ricardo Abrahin nos conta das festas e muitos outros aspectos que além de esclarecerem as dúvidas, saciarão os leitores aficionados pelos produtos dessa época.
Confiram:

Por João Messias Jr.

LADO RETRÔ: Vocês criaram a “Festinha Anos 80” para mudar o conceito de festa flashback.
Interação de público e banda
Foto: Martin Lazarev
No que acham que as festas que realizam são diferentes das que ocorrem pelo país?
Ricardo Abrahin: Percebemos que no subconsciente das pessoas existem associações de estilo musical que acabaram ficando marcadas. Vamos tomar como exemplo o nome “Festa Flashback”. Quando as pessoas lêem esse termo, diretamente associam a uma festa onde toca – em sua maioria - anos 70, geralmente com muito Abba, Village People, Bee Gees, Tim Maia e raramente um Earth, Wind and Fire, sem nunca pensar em Afrika Mambata, Led Zeppelin, Kansas, Deep Purple e outros, com estilos que também pode funcionar muito bem na pista se tiverem a música bem selecionada.

Agora vamos para nosso tema principal, os anos 80. Quando se fala em “Festa Anos 80”, foi fixado um conceito de “Festa Infantil para Adulto”, onde vai tocar Trem da Alegria, Xuxa, Absyntho, Mamonas Assassinas (que aliás, é uma banda dos anos 90), Paquitas e por aí vai. O que nos perguntamos foi “Quem diabos ia para uma danceteria ou boate na década de 80 para ouvir isso?”. Dessa forma pautamos a festa pela qualidade musical.

Os DJs recriam o ambiente das casas noturnas da época, com boa música eletrônica além de rock nacional e internacional. A festa também traz sempre duas bandas tocando rock da época. Para oferecer variedade ao público, sempre montamos dois ambientes, sendo um de shows, onde além das bandas, um competente DJ, o Marcelo Peixe – que abre a noite e toca entre e após as bandas - toca músicas com uma pegada mais dançante, onde nunca faltam Dead or Alive, Front 242, Information Society, Kon Kan entre outros. No outro ambiente temos a parceria da festa “New Wave Hookers”, dos competentes Kleber Tuma e Felipe Varne, que tocam rock nacional, internacional e também vertentes de eletrônico, sempre com uma seleção de repertório impecável.
Além disso, começamos na última edição a “TV Festinha”. Durante a festa, nos telões,  rolam 9 horas de programação de TV com matérias sobre fatos marcantes da década - como a queda do muro de Berlim - além de traillers de filmes, comeciais e alguns trechos de filmes da época.

LR: Como é feito o repertório de estilos e apresentações?
Ricardo: A equipe da “New Wave Hookers” sempre faz repertório incríveis, um pouco mais puxados para o rock para dançar, tanto nacional quanto internacional, e o DJ Marcelo Peixe sempre coloca na mesa as ideias para a festa e acabamos batemos um bom papo sobre que caminho de eletrônico seguir, baseado no local do evento e no que esperar do gosto musical do público. A única restrição feita é que não haverá música considerada como “brega de anos 80” ou músicas infantis.

LR: Desde então, foram realizadas duas edições. Qual o saldo e as lições aprendidas com os eventos?
Ricardo: Acho que o mais importante até agora foi perceber que existe SIM público para música de qualidade. As pessoas só não apareciavam porque o produto não era oferecido. Digo isso sempre, na página da festa no facebook, que temos muito orgulho em preparar esse evento para nossa “família” da Festinha Anos 80. Eles sempre respondem à altura. Cada evento tem sido melhor que o outro. Tivemos shows incríveis com a minha banda, a FM 80, além de atuações e respostas fantásticas do público nas outras edições com a “Banda Replay” e a “The Smiths Cover Brasil”. Ficamos felizes em encher o evento com pessoas de bom gosto musical!

Banda ao Vivo
Foto: Divulgação
LR: Recentemente houve um interesse nos anos 80. Como enxergam essa busca de informações do período e qual o lado positivo e negativo disso.
Ricardo: O lado positivo é que fica comprovado música boa não tem data de validade. Vejo uma grande leva de jovens que escutam, e têm como ídolos, artistas e bandas que tiveram seu auge antes mesmo deles terem nascido.

O lado negativo é a triste constatação que tem pouca coisa boa chegando à mídia. Não vou usar nunca o jargão engessado “porque não tem nada de bom sendo feito hoje”. Tem sim! Muita coisa boa, mas não chega nas rádios brasileiras, não atingem em massa nosso público. Produzo e sou DJ de uma outra festa. A Brainstorm, onde tentamos à cada edição trazer bandas desconhecidas aqui, como Dead Sara, Nico Vega, Walk the Moon, Hanni El Khatib, The Constellations, Imagine Dragons, Of Monsters and Men (que agora já nem é tão desconhecida assim, vide o público que se reuniu para ouvi-los na chuva no último Lollapalooza), assim como hits de bandas já conhecidas.

No Brasil, da mesma forma, o que não é de “fácil digestão” também é ignorado, principalmente se tratando de composições com registro de problemas sociais. Você tem, por exemplo o “Teatro Mágico” fazendo shows com um público fiel e batalhando tudo por conta própria. Até no samba, produto legitimamente nacional, isso acontece. Pegue um nome como Micheline Cardoso, por exemplo, que tem um mistura de samba com eletrônico, muito bem arranjado pelo Luiz Antônio Gomes e que acaba tendo mais projeção de mídia no exterior - principalmente na Europa – do que aqui no Rio.

LR: Agora falando um pouco do passado, quais discos que mais gosta do período?
Ricardo: É bem difícil resumir, principalmente por ter um gosto bem eclético, mas começaria pelo “Creatures of the Night”, do Kiss, que foi o LP que marcou minha infância. “Misplaced Childhood”, do Marillion; “Thriller”, do Michael Jackson; “Brothers in Arms” e “Money for Nothing” do Dire Straits; “Legião Urbana” e “Dois” do Legião; “O Concreto Já Rachou” e “Nunca Fomos Tão Brasileiros” da Plebe Rude; “Correndo o Risco” do Camisa de Vênus; “Cabeça Dinossauro” e “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” dos Titãs; “Cinema Mudo” e “Passo do Lui” do Paralamas; “Capital Inicial”, do Capital; Eu ficaria aqui alguns dias citando todos.

LR: O que acha da música produzida hoje?
Ricardo: Como havia dito antes, só chega na grande massa o que for de muito, mas muito fácil digestão. O que é um paradoxo total com o aumento da influência da Internet na vida das pessoas. É como se você mostrasse um cardápio com um milhão de opções e as pessoas acabarem sempre pedindo arroz, feijão, filé e fritas. Faz você pensar que, ou as pessoas não sabem onde buscar ou estão realmente satisfeitas com a insuficiência musical que está mandando nas rádios.

LR: Nesta eu vou citar algumas grupos/artistas que fizeram sucesso nos anos 80 e queria sua opinião: Menudo, Chacrinha, Música New Wave e Polegar.
Ricardo:
Menudos: Uma “boy band” que emplacou por aqui pela proximidade do idioma. Produção inteligente, que direcionou músicas para o mercado interno fazendo versões em português. Acertaram em cheio no gosto adolescente. Goste ou não, em termos de mercado foi genial!

Chacrinha: “O” Comunicador. Sabia exatamente o que mostrar e para quem mostrar. Revelou muita gente boa. E ruim também.

Música New Wave: Produziu a maior quantidade de “one hit wonders” da história, que ainda fazem sucesso em qualquer edição de nossas festas. Subverteu a música com suas batidas eletrônicas acompanhadas de guitarras da influência do punk . Música, visual, estilo, tudo junto. Tomou embalo em dias de começo de MTV, onde tudo aquilo era um banquete e tanto para olhos e ouvidos.

Polegar: Pegou a onda de “boy band” na versão “made in brazil”. Acertou muito como produto pop.

LR: Para encerrar: a próxima edição do evento acontece no dia 29 de junho, no Teatro Odisséia.
Cartaz da Próxima Edição
Divulgação
Quais as expectativas para essa celebração?
Ricardo: Até o momento dessa entrevistas temos aproximadamente 500 confirmações de presença em redes sociais, com apenas 4 dias de lançamento do evento. Nessa edição trouxemos a nova banda do Rodrigo Quik (ex-Perdidos na Selva), a Power Hits, para uma show só com rock nacional dos anos 80.

Nossa expectativa, como sempre, é fazer nossos clientes felizes! Não tem preço ver a pista de dança cantando junto com o as bandas, dançando ao som dos DJs, fazendo coro nas músicas. Cada sorriso, cada grito de alegria quando começa uma música que você só ouve na nossa festa.

LR: Obrigado pela entrevista! Deixem uma mensagem para os leitores do LADO RETRÔ.
Ricardo: Em nome da nossa equipe, a “Dos Tequilas” (eu – Ricardo Abrahin, Suirá Silva e Alexandre Brandão) e da produção do Grupo Matriz, agradecemos pela sua leitura e convidamos para a próxima edição da “Festinha Anos 80” no teatro Odisseia, dia 29 de junho!
www.facebook.com/FestinhaAnos80/

Um comentário:

  1. Corrigindo o nome da banda do Quik que é Power HITS, de resto o Abrahin tá de parabéns pela iniciativa e pela entrevista.

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